Por: Blog do Gordinho
Após ser acusado por Rennan Trajano, ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande, de receber recursos desviados do município para sua campanha ao Senado, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo Filho, ex-senador pelo PMDB, virou alvo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o prosseguimento de investigação sobre uma denúncia de suposto crime eleitoral durante a campanha de 2012, na Paraíba.
De acordo com a denúncia, Vital teria participado de reunião com 150
servidores da Prefeitura de Campina Grande, à época comandada por
Veneziano Vital do Rêgo, para pedir empenho na campanha da candidata do
grupo, Tatiana Medeiros.
A apuração vai averiguar eventual crime previsto no artigo 299 do
Código Eleitoral, que prevê pena de prisão de até quatro anos para quem
oferece aos eleitores vantagens em troca de votos, “ainda que a oferta
não seja aceita”. A informação é da Folha de S.Paulo.
Confira a matéria na íntegra:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo
Tribunal Federal (STF) o prosseguimento de investigação sobre uma
denúncia de suposto crime eleitoral durante a campanha de 2012 na
Paraíba. Um dos investigados é o ministro do Tribunal de Contas da União
(TCU) Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB).
Naquela campanha, segundo inquérito aberto pela Polícia Federal da
Paraíba, Vital participou de uma reunião com 150 servidores da
Prefeitura de Campina Grande (PB), então comandada pelo seu irmão, atual
deputado federal Veneziano Vital do Rego (PMDB-PB), na qual teria sido
pedido “empenho” de um grupo de 150 servidores municipais na campanha da
aliada da família Rego, Tatiana Medeiros (PMDB-PB), para que seus
empregos fossem preservados.
Segundo a manifestação de Janot, protocolada no STF no último dia 10,
a Polícia Federal deverá receber as explicações por escrito do ministro
e de seu irmão, o deputado federal Veneziano Vital do Rego (PMDB-PB)
-dessa forma, Janot dispensou a tomada de depoimentos de ambos, ao
contrário do que vem ocorrendo com outros parlamentares nos inquéritos
abertos em desdobramento da Operação Lava Jato.
“Alguns depoimentos colhidos no inquérito policial confirmam, em
certa medida, os fatos narrados na notícia-crime que deu origem à
investigação”, escreveu Janot em sua manifestação ao ministro do STF
relator do processo, Luís Barroso. A apuração vai averiguar eventual
crime previsto no artigo 299 do Código Eleitoral, que prevê pena de
prisão de até quatro anos para quem oferece aos eleitores vantagens em
troca de votos, “ainda que a oferta não seja aceita”.
A investigação começou ainda durante a campanha eleitoral de 2012,
quando a Justiça Eleitoral recebeu um e-mail do funcionário público
Josimar Reis de Mendonça, que também foi chamado à reunião mas se
recusou a comparecer. Ele disse à PF que “a reunião tinha como objetivo
pressionar os funcionários da prefeitura de Campina Grande,
principalmente os terceirizados, a votarem na candidata Tatiana”.
A Justiça conseguiu enviar ao evento dois oficiais de Justiça de
propaganda eleitoral. A reunião ocorreu no comitê de campanha de Tatiana
em 1º de agosto de 2012. Os fiscais confirmaram a presença do ministro
do TCU, então senador pela Paraíba, e de seu irmão Veneziano. De acordo
com os fiscais, as pessoas que chegavam à reunião “assinavam uma lista
de presença”.
Segundo os fiscais, durante a reunião Vital do Rego e seu irmão
pediram aos servidores “que participassem da campanha da candidata” e
que “contavam com o empenho dos mesmos”.
No inquérito, a PF tomou o depoimento de servidores que participaram
da reunião. A funcionária Alana Suênia Guimarães Oliveira Gomes disse
que “durante a reunião, o prefeito Veneziano solicitou que todos
ajudassem na campanha de Tatiana, pois, se ela vencesse, todos
continuariam nos seus empregos”.
Outra servidora, Maria Auxiliadora Silveira Santos, disse ter ouvido
do prefeito que a vitória da candidata “era uma forma de cada um dos
comissionados se manterem nos seus cargos, como também dar continuidade
ao projeto administrativo que vinha sendo implantado”.
Embora os fiscais tenham fotografado a fila de pessoa assinando uma
lista de presença, o comitê de campanha de Tatiana, quando questionado
pela PF, disse que tal lista não existia.
OUTRO LADO
Em nota enviada à Folha de S.Paulo, o ministro afirmou que não tinha
conhecimento sobre o inquérito nem “nunca” havia sido “instado a prestar
quaisquer esclarecimentos relacionados” ao assunto. Ele qualificou o
trabalho da Folha de S.Paulo de obter seus esclarecimentos como
“‘cruzada’ jornalístico-investigativa”.
Sobre o assunto investigado pela PF, Vital do Rêgo afirmou que
“reuniões políticas são parte do exercício do mandato de todo
parlamentar, sendo um dos direitos fundamentais garantidos pela
Constituição Federal em seu artigo 5º. Todas as reuniões de campanhas
políticas do PMDB de Campina Grande eram realizadas com respeito às
leis, às instituições e às pessoas; tendo como objetivo óbvio a
manifestação de nossos candidatos, e a exposição das inúmeras ações de
nosso partido no exercício do poder municipal”.
O deputado Veneziano afirmou à Folha de S.Paulo, por telefone, que
não havia sido notificado a respeito do inquérito e disse desconhecer a
sua existência, não podendo fazer comentários sobre assunto de que não
tem conhecimento.
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