Não foi por falta de convite. Aliás, é praxe um presidente em visita
aos Estados ser recepcionado pelo governador em sua residência oficial.
Por isso, havia a expectativa de que a presidente Dilma e toda a
comitiva fossem almoçar na Granja Santana. Dilma recusou porque, segundo
um assessor palaciano, avaliou que não pegaria bem depois do escândalo
da gastança da Granja.
A mídia nacional não perdoaria uma presidente que veio anunciar ações
e obras para acudir necessitados, refestelando-se na granja do
governador, onde se consumiu mais de 17 toneladas de carne de 1ª, caudas
de lagosta, camarões e peixes raros (e caros), alguns até ameaçados de
extinção. Em sua comitiva também não havia consumidor para 460 latas de
farinha láctea.
Então, quando houve a sondagem para a recepção, o Palácio do Planalto
decidiu optar pela distante Granja do ex-deputado Enivaldo, pai do
ministro Aguinaldo Ribeiro. Ainda que o local seja muito aprazível, a
mudança soou estranha. Inclusive, ao que consta, praticamente todo o
cardápio, foi controlado, de perto, por assessores escalados pelo
Planalto.
A mudança, de certa forma, foi uma demonstração de desprestígio do
governador, apesar de todas as preocupações da presidente Dilma em
elogiar publicamente sua delicadeza em, não cobrar dinheiro para
concluir o Centro de Convenções (obra quase toda federal), mas
apresentar como um desejo. Quem conhece RC, sabe o que quanto não é dado
a delicadezas.
A verdade é que Dilma não poderia recusar, a qualquer que fosse o
governador, a liberação dos recursos de uma obra iniciada com recursos
federais. Os elogios talvez tenham sido a dissimulação no jogo de
empurra entre PSB e PT. Quem sabe a presidente não acredita que RC vá,
no futuro, trair seu colega, o governador Eduardo Campos, para lhe
apoiar.
Mas, ela preferiu mesmo a galinhada de Granja de Enivaldo, algo até
mais popular, do que a lagostada da Granja, que já rendeu um escândalo
nacional e ainda pode render algumas indigestões ao Governo, caso o
Ministério Público entre com o rigor necessário nessa festa.
Helder Moura
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