Na bolsa de apostas, a candidatura de Aécio Neves já não desperta
tantas atenções como a de Eduardo Campos, especialmente depois da
surpresa causada pela decisão de Marina Silva, a deusa da pureza ética
que vinha ameaçando os flancos de Dilma Rousseff, a poderosa afilhada de
Lula, o verdadeiro pai dos pobres. O futuro próximo dessa remodelação
do quadro sucessório é, ainda assim, uma incógnita, tanto quanto são
incógnitos todos os resultados de uma eleição mais de um ano antes. As
eleições são como os temporais, mudam de caminho e de intensidade a
qualquer instante, e só podem ser medidas com precisão quando terminam.
Não se sabe ao certo se Lula poderá fazer ainda por Dilma o que fez
antes, pois foi seu governo que a inventou, a financiou e garantiu sua
vitória a custo não antes visto neste país, mas o amparo de Lula valeu
mais do que milhares de burras carregadas de ouro do Tesouro nacional.
Lula tangeu às urnas o maior exército de pobres que outro pobre já
comandou em toda a história do Brasil, movidos pela gratidão e pelo
compromisso de não perder conquistas também nunca antes vistas neste
país. Mas Dilma, agora, responde pelos seus atos e pelo seu governo, e
pode ser considerada a parte de Lula que não deu tão certo quanto Lula
deu, fazendo a partir daí todas as grandes e graves diferenças. Ademais,
Lula pode não está saudável como muitos imaginam e todos querem. Isso é
dramático.
Esse quadro político confuso que permeia o Brasil no ano
pré-eleitoral, com tufões e temporais sociais esquisitos e
indecifráveis, se complica ainda mais na medida em que as disputas
previstas fogem do eixo dos últimos anos, em que o PT e o PSDB – Lula x
FHC – protagonizaram o maior confronto bipolar. Hoje, com Marina e
Eduardo na disputa, o setor vencedor da bipolaridade está dividido, com a
garantia de que não há risco de recuos nas conquistas sociais do
exército lulista, pois é dentro dos domínios do próprio Lula onde se
abrem as opções, alterando o eixo das disputas. Enquanto isso, o PSDB
não demonstra crescimento, talvez ainda em razão das divisões internas
entre a figura tradicional de Serra e o modelo de gestão meritocrática
de Aécio Neves, novo mas sem apelo de massas.
Na Paraíba, descontados esses aspectos de influencias que pode ter a eleição presidencial (certamente
não muito ponderável), as novas forças se unem, ainda que por vias
obliquas, driblando convenções partidárias e alianças, objetivando
desalojar o que todos consideram o inimigo comum, pela capacidade que RC
tem de amedrontar a todos, até os mais próximos aliados.
Ricardo Coutinho, que em principio seria o reciclador dos costumes
políticos e o encarregado de mudar o eixo político no Estado, revelou-se
não apenas desastrado na condução das reformas, mas temerário na
condução do governo, surpreendendo o povo e, principalmente, a seus
liderados e apoiadores. Perder Cássio e sua legião de seguidores, depois
de haver perdido João Pessoa para Luciano Cartaxo e Luciano Agra,
parece um tiro de misericórdia nas pretensões de RC, que não é de ceder
ao destino quando ele sopra em seu desfavor. Mas, certamente, o
governador ainda não entendeu o pior, que é a união estratégica de
Cássio e Luciano Cartaxo e Agra, independentemente da questão federal,
para controlarem João Pessoa, Campina e o resto do mapa, a fim de que
ele, RC, morra pelo menos duas vezes: em 2014 e 2018, já que em
política, diferentemente da guerra, morre-se várias vezes.
Este artigo integrará o futuro livro:
‘PREVISÕES POLÍTICAS DE UM VIDENTE CEGO’
E-mail: gilvanfreireadv@hotmail.com
‘PREVISÕES POLÍTICAS DE UM VIDENTE CEGO’
E-mail: gilvanfreireadv@hotmail.com
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