Há quem acredite em Papai Noel. Tudo bem, o Tribunal de Contas do
Estado fez muitos acreditarem que os conselheiros não seriam capazes de
mudar o voto que, na semana passada, eram pela desaprovação as contas da
Casa Civil, no capítulo dos gastos abusivos da Granja Santana. Afinal,
aquele escândalo virou manchete nacional.
E quem assistiu à sessão da semana passada ficou imaginando, de fato,
que pela primeira vez um governador teria suas contas desaprovadas,
ante os atos flagrantes de abuso com o dinheiro público. Foram 17
toneladas de lagosta, camarão, carne de primeira, 460 latas de farinha
láctea, berço esplêndido, papel higiênico a R$ 59,90, sabão líquido a R$
129…
Ledo engano. Poucos se aperceberam que havia sido ousadia demais para
a Corte. Só acreditando em sereia (pra citar um acepipe do mar) para
imaginar que iriam desaprovar as contas do governador Ricardo Coutinho. A
audácia durou apenas uma semana. A única surpresa foi o fato de dois
parentes próximos do senador Cássio Cunha Lima terem puxado o cordão da
mudança: Fernando Catão e Artur Cunha Lima.
E tudo ficou como dantes no quartel de Abrantes, aliás, do advogado
Johnson Abrantes. De qualquer modo a votação dessas contas vai passar
para a posteridade como a virada de mesa mais espetacular dos últimos
tempos. Não é todo dia que um tribunal desaprova as contas pelo placar
de quatro a dois numa semana, e vira na semana seguinte pelos mesmos
quatro a dois.
A partir de agora, os gestores recebem um salvo conduto do TCE para
realizar a mesma gastança patrocinada no Governo RC. Está liberada a
compra de 17 toneladas de lagosta, camarão, carne de primeira, 460 latas
de farinha láctea, berço esplêndido, papel higiênico a R$ 59,90, sabão
líquido a R$ 129… Basta se eleger governador.
Espera-se que, a partir dessa decisão, a corte encaminhe uma circular
aos Municípios, autorizando os senhores prefeitos realizaram feitos
gastronômicos e higiênicos do mesmo quilate. Quem sabe se, dessa forma, a
Paraíba toda não vai comer lagosta, camarão, carne de primeiro, peixes
raros, e a população consumir o prestigiadíssimo papel higiênico de R$
59,90, e se ensaboar a meros (ops!) R$ 129…
Helder Moura
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