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“Não troco meu “Oxente” pelo “ok” de ninguém” – Ariano Suassuna

sábado, 4 de maio de 2013

Centenas de pessoas e muitas lágrimas no adeus ao líder nacional dos frentistas


Por Sousa Neto/Folha do Vale – Um líder tão forte, expressivo e expansivo que parecia invensível à morte, mas Antônio Porcino Sobrinho, de 62 anos, não resistiu à falência do próprio coração. Seu falecimento, no final da tarde da quinta-feira, 2, em um hospital paulistano, cobriu Itaporanga de luto e lágrimas e teve forte repercussão na Paraíba e no país. Algumas das mais importantes conquistas dos trabalhadores de postos de combustível do Brasil, dos quais era seu representante sindical máximo, nasceram das lutas do itpaporanguense do sítio Barrocão. Sua vida é uma biografia de vitórias pessoais e sindicais, e sacrifícios também. Inteligência e coragem foram ferramentas decisivas para transformar o migrante nordestino e pobre em uma das figuras mais respeitadas do sindicalismo brasileiro.

Juiz classista aposentado, suplente de senador, prefeito de Itaporanga entre 2005 e 2008 e presidente da Federação Nacional dos Frentistas, com sede em São Paulo e ramificação por todo o Brasil, Porcino deixa um casal de filhos (Michel e Michele) do casamento com Madalena, seu primeiro matrimônio. Deixa viúva a poatoense Fabiana Nóbrega, sua terceira esposa, a quem se uniu em junho de 2011.

O corpo do ex-prefeito chegou a Itaporanga por volta das 13h deste sábado, 4, e foi recepcionado por uma multidão chorosa, muitos fogos, discursos emocionados e os dobrados tristes da filarmônica Cônego Manoel Firmino, a qual integrou quando foi estudante do Ginásio Diocesano. Sobre o caixão, a clarineta que tocava e as bandeiras do município e da entidade sindical que representava, duas de suas grandes paixões. Neste momento, ele está sendo velado na sede da Prefeitura, por onde já passaram centenas de pessoas, entre amigos, familiares e políticos. Depois, no final da tarde, segue para o sítio Barrocão, onde será velado por familiares durante toda a noite.

Neste domingo, o corpo será levado para João Pessoa e lá cremado. Suas cinzas serão depositadas no seu querido Barrocão, lugar de sua residência e de suas origens. Homem muito ligado à família e aos amigos, ajudou financeiramente muitas pessoas e instituições. Era solitário e prestativo. Carregava uma visão cosmopolita, resultado da atividade sindical e de inúmeras viagens pelo país e pelo mundo. Tinha muito apreço pela cultura literária e musical. Costumava engendrar algumas canções em seus momentos de romantismo, duas delas estão no CD da dupla Nilton & Nélton, financiada por ele.

Eleito em 2004 para prefeito de Itaporanga com uma das mais expressivas votações da história política do município, rompeu um ciclo elitista que dominava o poder há anos: pela primeira vez, um itaporanguese de origem humilde e negra sentava na cadeia de prefeito.

Em sua gestão, adotou o slogan “A esperança não tem cor”, uma resposta aos insultos racistas que sofria dos adversários políticos. Alguns dos maiores destaques do seu governo foram os concursos públicos, que qualificaram o funcionalismo municipal, e ação em favor dos pobres.

No segundo semestre de 2008, ultimo ano de sua gestão, foi acometido por uma grave doença, o que determinou seu afastamento do cargo e ficou também impossibilitado de concorrer à reeleição. Com a experiência de quase morte, como próprio narrava, mudou alguns hábitos de vida: deixou a solteirice e parou de fumar, mas não abandonou o costume da bebida.

As duas últimas eleições para prefeito não foram experiências muito boas para ele: na campanha de 2008, apoiou a candidatura de Audiberg Alves, que foi derrotado por Djaci Brasileiro. Em 2012, uniu-se a um dos seus mais ferrenhos adversários: apoiou a reeleição de Djaci, que terminou derrotado por Audiberg, atual prefeito.

Atualmente, Porcino planejava disputar uma cadeira de deputado estadual: deixou o PMDB, depois de uma década filiado ao partido, e migrou para o PPS, legenda pela qual concorreria à Assembléia. Saiu da vida e da cena eleitoral, mas deixou um herdeiro político: seu sobrinho, Jacklino Porcino (PMDB), conquistou uma cadeira de vereador no pleito passado e é o atual presidente da Câmara de Itaporanga.

A última visita de Porcino à sua terra foi no domingo, 14 de abril, quando ofereceu um almoço para familiares, amigos e lideranças políticas. Depois da confraternização, viajou a São Paulo. Era apenas mais uma viagem, mas se tornou a última. Foto: emoção na despedida ao líder político e sindical.

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