Em sua
recente passagem por Campina Grande, o governador Ricardo Coutinho
voltou a cobrar do senador Cássio Cunha Lima explicações para o
afastamento entre ambos. De tão repetida, a cobrança parece uma obsessão
que antes revela uma postura de extrema intolerância. Até nos
casamentos, celebrados para durarem “até que a morte os separe”, basta
que um dos dois diga que não dá mais. Imagine numa aliança partidária.
O senador Cássio poderia, talvez,
alinhar razões diversas para o fim da aliança, como, por exemplo, a
constatação de que o governador não cumpriu diversos compromissos de
campanha, da segurança (“vou contratar cinco mil policiais e abrir novos
concursos”), à saúde (“vou montar uma maternidade em cada município”),
da educação ao respeito aos municípios. Qualquer oposicionista listaria
dezenas de outras promessas solenes como essas e solenemente
descumpridas. Mas aparentemente o senador preferiu seguir o caminho e a
prática do candidato Ricardo Coutinho.
Em 2010, Ricardo e o então governador
José Maranhão mantinham uma eficiente aliança de seis anos. Na primeira
eleição de Ricardo à prefeitura, Maranhão lhe ofereceu a densidade
eleitoral e a estrutura partidária que lhe faltavam e foi responsável
direto por sua vitória, que ele jamais agradeceu nem reconheceu. Na
reeleição, em 2008, Ricardo tratou Maranhão com a humilhação que só os
muito pacientes ou muito sábios costumam suportar. Em 2010, quando
Maranhão o esperava como candidato ao Senado em sua chapa, Ricardo
lançou-se ao governo sem qualquer explicação. Aliás, tão desnecessária e
dispensável que Maranhão jamais a cobrou.
Pra ser mais pragmático, em vez de
cobrar explicações para o fim de um casamento que não deu certo, Ricardo
Coutinho deveria entender lições que a toda hora lhe são oferecidas.
Até agora,nenhum deputado de sua base aceitou a liderança do governo na
Assembleia, um cargo que presumivelmente oferece o que todo candidato
busca num ano eleitoral: holofotes e benesses. O fato é estranho, mas
expressivamente emblemático, desses que dispensam explicações.
Há um ano o governador exibe os mesmos
índices de intenção de votos, embora faça propaganda como poucos. E se
exponha como ninguém. Nem por isso consegue diminuir suas taxas de
rejeição nem aumentar os índices de aprovação do governo, que, aliás,
tem sido sempre bem superior ao índice de confiança no governador e
maior ainda que intenção de votos. Os números sugerem que o problema não
é o governo, é o governador. O que fazer? Cobrar explicações do
eleitor?
Ricardo Coutinho pode escolher entre
aprender com a realidade ou simplesmente contestá-la, como o fazem os
piores cegos. De sua atitude dependerá seu futuro.
O eleitor pode até não ter
justificativas para suas opiniões, mas tem sempre razão. E não deve
explicações a ninguém. Maranhão que o diga.
Por Fabiano Gomes
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