Foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quem
comunicou ao plenário que o Palácio do Planalto acabara de demitir Cid
Gomes, do Ministério da Educação, após bate-boca com deputados em
plenário na tarde de hoje (18).
Cid Gomes foi hoje à Câmara dos Deputados para explicar declarações que
deu em evento na Universidade Federal do Pará, de que há no Congresso
Nacional “400 ou 300 achacadores” que se aproveitam da fraqueza do
governo para levar vantagens. Gomes disse que essa não é sua “opinião
pública” e que a fala foi feita a estudantes dentro da sala do reitor
após ser questionado pelos estudantes sobre a falta de dinheiro para a
educação.
Líderes partidários da base governista e da oposição criticaram
duramente as declarações e a postura do agora ex-ministro da Educação no
plenário da Câmara, e pediram a saída dele do cargo. Minutos depois, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou no plenário que havia
recebido um comunicado do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio
Mercadante, avisando da demissão de Cid Gomes.
A presidente Dilma Rousseff decidiu demitir Cid Gomes logo depois da ida
dele à Câmara para pedir "perdão" aos parlamentares por chamá-los de
“achacadores”. Cid foi intimado para apontar os “achacadores” no último
dia 11, mas alegou “mal estar” e não compareceu ao plenário da Câmara.
Hoje a tarde, no plenário, ele pediu perdão aos deputados e a quem “traz
para si essa carapuça”. "Me perdoem. Não tenho nenhum problema em pedir
perdão para os que não agem desta forma. Aos que não se comportam deste
jeito, me desculpem, não foi minha intenção ofender ninguém
individualmente”, disse.
Apesar do pedido de perdão, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani
(RJ), pediu que ele deixe o cargo logo depois de Cid Gomes dizer no
plenário, apontando para o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
prefere ser chamado de mal-educado do que de achacador.
Em seu discurso, Cid disse que deputados que fazem parte do governo
deveriam ter posição de coerência ou que "então larguem o osso, saiam do
governo". "Aqui não temos base cega, temos base de apoio convicta",
rebateu Picciani.
Antes de apontar a Cunha, Cid disse que não tinha a intenção de agredir
ninguém, "muito menos a instituição", mas disse sentir muito se alguém
se enxergava nessa condição e "vestisse a carapuça".
Parlamentares passaram a discursar contra o ministro. "Vossa excelência
apontou o dedo para o presidente Eduardo Cunha e o ofendeu. Nós não
aceitamos a opinião de Vossa Excelência", afirmou o líder do
Solidariedade, Arthur Maia (SD-BA).
O PMDB havia exigido a demissão de Cid depois que ele reiterou a sua
afirmação. O ex-ministro dirigiu-se ao presidente da Câmara, com o dedo
em riste e vociferou: "Prefiro ser acusado de mal educado a ser acusado
de acharcador como ele (Cunha)".
A demissão de Cid Gomes é uma tentativa do governo de evitar que a
relação com a Câmara dos Deputados se complique ainda mais. "Ele saiu
daqui como um fanfarrão. Ele veio aqui, disse o quis e ouviu o que não
quis. Saiu batendo o pé como um menino mimado", disse o líder do PMDB na
Casa, deputado Leonardo Picciani (RJ). (Agência Brasil)
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