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“Não troco meu “Oxente” pelo “ok” de ninguém” – Ariano Suassuna

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Haití do Sertão Paraibano

O Haití é um país das Caraíbas que ocupa o terço ocidental da ilha de São Domingos na região do Caribe. A Ilha Hispaniola também conhecida como Ilha de São Domingos foi visitada por Cristóvão Colombo em 1492. Já no fim do século XVI, quase toda a população nativa havia desaparecido, escravizada ou morta pelos conquistadores. País que desde a sua descoberta por Colombo, sempre foi marcado por invasões, domínios provisórios que a cada guerra mudava de poder de acordo com a força do invasor de plantão. O resultado dessa instabilidade política é um país devastado por surtos e epidemias gritantes, gerando péssima qualidade de vida, uma economia arrasada, retratando a cara de sucessivos governos corruptos, viciados em práticas assistencialistas, deixando o povo na miséria pedindo esmola e morrendo no meio das ruas. Ruas que apresentam edifícios envelhecidos, verdadeiras taperas desmanchando-se com o vento transformando-se em paisagem de ruínas. Seus governantes geralmente residem em outros países ricos como México, Estados Unidos, Porto Rico e Costa Rica, desfrutando de todo o luxo bancado pleo poder, enquanto o povo se mata por comida, assistência médica e empregos, transformado as ruas num verdadeiro campo de guerra e arruaças. Saqueamentos, jovens drogados e traficando em plena luz do dia é coisa comum no Haití. O Estado asbolutamente não tem controle nem respaldo do povo que não acredita no governo e são donos de seu nariz fazendo o que julgam ser certo ou errado. Esse tem sido a cara dos governos do pobre e devastado Haití. Tudo isso ainda foi piorado com o último terremoto em Janeiro de 2010 na sua capital Porto Principe que matou quase 300 mil.

Na Paraíba também temos o nosso Haití.

Precisamente no sertão da Paraibano a 453 Km da Capital atende pelo nome de São José de Caiana. Município pequeno com menos de 7 mil habitantes, emancipado políticamente há 48 anos atras no ano de 1963, sua base de subsistência é proveniente de recursos públicos, onde existem funcionários da Prefeitura, estado e aposentados. O município sertanejo está atracado no atraso com sua população envelhecida; Educação defasada; Água de consumo humano com baixa qualidade causando problemas renais nas pessoas; Sem perspectiva nenhuma de melhoria da qualidade de vida humana, aspectos de ruínas como as do Haití. Inserida na micro região do Itaporanga no vale do Piancó, São José de Caiana está entre as cidades paraibanas que ainda não está integrada de acessos viários pavimentados em camada asfáltica. O acesso é pela rodovia PB 372 ainda não pavimentada pelo governo do estado. Não existe serviço de ônibus rodoviários para transportes de passageiros para as cidades vizinhas. Os passageiros se arriscam em cima de carrocerias de caminhotes em meio a sacas de milho, feijão, arroz, cargas de rapadura e até animais comercializados em feiras livres. Estudantes são transportados em cima desses mesmos carros afrontando até a lei. A praça (única que existe) deu lugar há um bar, deixando de ser o lugar de encontros das famílias e da recreação das crianças. As ruas da cidade normalmente estão na escuridão por que a prefeitura não realiza a manutenção que lhe compete fazer. Datas históricas não são comemoradas. No natal não se instala um pisca-pisca. No Reveillon não se queima fogos. No carnaval não se ver uma xaranga fazendo barulho. Na semana santa não tem encenação. São João seria um luxo. Dias dos país, das mães e das crianças é um sonho a se realizar. Internet e telefonia celular chegaram graças ao governo federal através da resolução baixada pela ANATEL, que faz parte do programa de inclusão digital. Comum ver jovens menores embriagados, dirigindo em alta velocidade, e até mesmo consumindo entorpecentes nos becos. Dizem que já chegou na área. O sonho dos humildes país de família em ver um filho seu numa universidade, é como o de toda criança de um dia ver papai noel. A esperança é o que lhes resta. Uma juventude de futuro incerto. O corte de cana é o lugar certo quando se completa dezoito anos. O lazer é a mesa dos bares e garupas de motos. Essas mesmas motos provocam suas mortes como já aconteceu até como um primo meu muito querido.

O poder assiste a tudo isso de camarote, admirando, e achando bom. A tática de quase todo governante é submeter o povo a precisão, deixando-os numa verdadeira pindaíba para que o poder se torne a tábua de salvação e nisso fatalmente deixar o sujeito encabrestado.

O atual prefeito atende pelo nome de Walter. Jovem fino, educado, criado na capital João Pessoa, conhecedor de culturas e costumes diferentes dos nossos sertanejos. Soube também que viaja para outros países quando está de férias. Nosso povo da mão grossa aguarda ansiosamente ele trazer alguma novidade, alguma coisa interessante que tenha vista por ai por onde passou, como uma simples praça, uma arte edificante, talvez um teatro ou uma singela paletras de incentivo a um humilde sonhador. Ou até mesmo algo mais simples como manter as vias públicas iluminadas e limpas. Trazer uma novidade que ele tenha visto por onde andou está totalmente descartado?

Sinceramente, ainda não o conheço pessoalmente nem sei de suas origens e raízes familiares. Não sendo conhecedor dos problemas nem das soluções para melhorar a qualidade de vida daquele povo, ainda não sei qual é o propósito dele ao final de sua gestão. Passaram-se dois anos de mandato e até agora ela não mudou em nada os aspectos sociais, econômicos da cidade. Ainda não começou a trabalhar para mudar um quadro averso que ainda não enxergou por falta de conhecimento e percepção ou enxergou e fez vista grossa porque acha que é incapaz de resolver.

O jovem que completou 18 anos foi cortar cana e teve sua juventude roubada. O esporte tem fumaça. O emprego é um viajem lunar. A saúde uma sede insaciável. A melhoria da qualidade de vida é coisa lá pra Costa Rica, Estados Unidos, Porto Rico e México. Ainda não se sabe pra que veio e se está mesmo disposto a mudar esssa realidade a não deixar São Jose de Caiana se transformar num Haití.

Assim é São José de Caiana um projeto de 48 anos que assim como o Haití de quase 600 anos ainda nao deu certo.

Por: Radomécio Leite
Novo Colunista do blog

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