Muitas
conjecturas se tem feito nos últimos dias, ante comentários cada vez
mais firmes do rompimento do senador Cássio Cunha Lima com o governador
Ricardo Coutinho. Obviamente, Cássio ainda pode não romper, o que poucos
acreditam. Mas, e se confirmar o rompimento, qual o cenário político do
dia seguinte visando as urnas de outubro?
Antes que alguns
apaixonados se exaltem, é oportuno destacar que esse comentário também é
apenas uma conjectura, mas fundada na atual realidade eleitoral. As
disputas ao Governo, habitualmente, não comportam quatro candidaturas
dos partidos chamados tradicionais. No máximo três e mais uma das
esquerdas, ai compreendendo PSTU, PSOL, PCO e outros.
Nesse
cenário, o rompimento de Cássio fará acender luzes amarelas no bunker do
governador RC, por óbvias razões, e no seio das oposições, tipo PMDB,
PT e Blocão. As oposições terão de se unir em torno de uma única
candidatura já, sob o risco de ficar sem ingressos para a festa do
segundo turno e não ter a menor chance na disputa de outubro.
Três candidatos
– Então, considerando que há vida inteligente nesse agrupamento de
oposição, poderemos ter então três candidatos ditos tradicionais: RC,
Cássio e provavelmente Veneziano (por estar melhor nas pesquisas entre
esses partidos), mais um da esquerda. Bem, considerando que as esquerdas
ainda não demonstram poder de fogo para vencer uma disputa, o embate
ficará, em tese, entre os três.
PIB eleitoral – As eleições
na Paraíba têm sido decididas no chamado eixão da BR-230. É
compreensível: é nesse colégio que está a maioria do eleitorado,
especialmente aqueles que forma opinião e têm poder de influência. Em
princípio João Pessoa (mais Santa Rita, Bayeux, Cabedelo), Campina
Grande (e Compartimento), Patos, Pombal, Sousa e Cajazeiras. Fora dele,
destacam-se talvez Guarabira, Monteiro e Itaporanga.
Grande João Pessoa
– Por partes, então. João Pessoa: é induvidoso que RC perdeu a
hegemonia na Capital. Mas, certamente não terá apenas os 20% que teve
sua candidata Estelizabel Bezerra, em 2010. A cidade deve ser fatiada
entre PMDB (mais PT e aliados), com um terço ou mais do eleitorado.
Percentual talvez similar para Cássio (e provavelmente Luciano Agra) e o
governador que terá o outro terço. Ou um pouco mais.
Santa Rita
tem o prefeito Reginaldo Pereira com Cássio, o PMDB terá sua fatia e o
governador um resíduo. Em Bayeux, RC pode ter o prefeito Expedito
Pereira (é questionável), o PMDB terá sua fatia e o grupo de Domiciano
Cabral certamente apoiará Cássio. Em Cabedelo, o prefeito pode ficar com
Cássio (via Roberto Santiago) e o PMDB terá sua fatia (sem venceu na
cidade em disputas estaduais).
Campina e Patos – Campina
Grande: com dois candidatos da terra, Cássio e Veneziano, o governador
se dará por feliz se conseguir 10% ou 15% dos votos. Projeção que poderá
se fazer a cidades vizinhas do Compartimento da Borborema. Em Patos, a
prefeita Chica Mota (que não parece estar bem) vai com o PMDB de
Veneziano, e Dinaldo Wanderley segue com Cássio. RC terá dificuldades na
cidade.
Sertão – Em Pombal, a prefeita Polyanna tem mais
afinidades com Cássio. O outro lado é o ex-deputado Verissinho, PMDB de
Veneziano. Em Sousa, o prefeito André Gadelha vai com Veneziano. O outro
lado, o ex Tyrone segue com Cássio. RC terá Lindolfo Pires. Em
Cajazeiras, o ex-prefeito Carlos Antônio é simpatizante de Cássio. O
também ex Carlos Rafael, vai com o PMDB.
Mais cidades do PIB
– Guarabira: divida entre o grupo Paulino (que vai com Veneziano) e
Zenóbio Toscano, que deve fechar com Cássio. RC fica em dificuldades. Em
Monteiro, os deputados Assis Quintans e João Henriques, além da
prefeita Ednacé, devem seguir com Cássio. O deputado Carlos Batinga fica
com a oposição. Difícil para RC. Em Itaporanga, o cenário se repete. O
prefeito não deve ficar com o governador.
Ricardo fora do segundo turno?
– Esse cenário leva a supor que o governador terá grandes dificuldades
para passar ao segundo turno. A preço de hoje, e com esse quadro, não
passaria. Mas, a eleição ainda não começou, ele tem o poder de persua$ão
da máquina, e é extremamente obstinado, conforme revela seu prontuário
político. Não é adversário para ser subestimado.
Para entrar no
páreo, Ricardo sabe que precisará, primeiro, reconquistar grande parte
do espólio eleitoral que perder em João Pessoa. Só há uma possibilidade:
ir pra cima do prefeito Luciano Cartaxo. Depois, precisará tirar um dos
dois, Cássio ou Veneziano, da disputa. Preferencialmente Cássio: o
último adversário é sempre o maior. Para tirar Cássio, só usando
artilharia pesada. E RC não pestanejará em usar. O que projeta uma das
eleições mais acirradas dos últimos tempos.
Helder Moura
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