O texto da emenda deverá agora ser votado em segundo turno na Câmara
Em votação na noite desta quarta-feira
(27), a Câmara Federal aprovou, por 452 votos a favor e 19 contra, o
fim da reeleição para mandatos executivos - presidente da República,
governadores e prefeitos. Houve ainda uma abstenção.
O texto da emenda deverá agora ser
votado em segundo turno na Câmara e segue para o Senado caso aprovado. A
votação faz parte do pacote de reforma política em discussão no
Legislativo, a PEC 182/2007.
O texto aprovado é de autoria de Rodrigo
Maia (DEM-RJ) e prevê transição. O fim da reeleição não se aplicará aos
governadores eleitos em 2014 e aos prefeitos eleitos em 2012 nem a quem
os suceder ou substituir nos seis meses anteriores à eleição seguinte.
Dilma Rousseff, reeleita em 2014, já não poderia se candidatar ao cargo
em 2018. Segundo o texto, deputados estaduais e federais, senadores e
vereadores continuam aptos a disputar a reeleição.
Todos os partidos votaram em maioria a
favor da emenda que acaba com a reeleição. O partido com maior número de
votos contra o fim da reeleição foi o Democratas, com cinco votos "não"
de um total de 20 parlamentares. PT e PMDB, principal aliado na bancada
governista, tiveram três votos contra a emenda cada um. Outros três
votos contra vieram de deputados do PTB.
A única abstenção também veio do PT, com Weliton Prado (MG). Confira a lista completa de como votou cada parlamentar.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), afirmou ser favorável à medida mais pelo efeito em cidades
pequenas, onde, segundo ele, prefeitos acabam governando para se
reelegerem. No entanto, ele diz duvidar do efeito em governos estaduais e
na Presidência.
"Já tive momentos com uma posição
favorável e momentos com uma posição desfavorável, mas hoje estou
consciente de que é melhor para o Brasil o fim da reeleição", disse
Cunha. "A gente vê muitos problemas em prefeituras, especialmente as
menores, em que o prefeito acaba, na realidade, fazendo o mandato em
função da reeleição. Isso de uma certa forma impede a renovação dos
quadros políticos, mas para as prefeituras, não sei se nos Estados e até
na União tem o mesmo impacto", completou.
A PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) da reforma política começou a ser votada nesta semana.
Na última terça-feira (26), o plenário rejeitou uma proposta que incluía
na Constituição a permissão para que empresas fizessem doações para
candidatos e partidos. Após a votação, a Ordem do Dia foi encerrada.
Nesta quinta-feira, a partir das 12h, os deputados continuam a votar a
reforma política por temas.
Legado de FHC
A reeleição para cargos do Executivo foi aprovada pelo Congresso Nacional em 1997 sob o comando do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que queria disputar um novo mandato no ano seguinte. Na época, a proposta sofreu oposição do PT.
A reeleição para cargos do Executivo foi aprovada pelo Congresso Nacional em 1997 sob o comando do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que queria disputar um novo mandato no ano seguinte. Na época, a proposta sofreu oposição do PT.
O partido, que chegou ao governo federal
em 2003, já disputou e venceu por duas vezes a reeleição, com Luiz
Inácio Lula da Silva (em 2006) e Dilma Rousseff (2014).
"O modelo não se mostrou produtivo para o
país, houve muitas distorções", reforçou o líder da bancada do PMDB,
Leonardo Picciani (RJ).
Embora os petistas tenham sido discretos
na sessão, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE),
afirmou que não vê problema na decisão. "Quem criou a reeleição foi o
PSDB, ou seja, quem pariu Mateus que o embale. Defendo o fim da
reeleição, com mandato de cinco anos." (Com Estadão Conteúdo)
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