Capinar, plantar, usar a enxada, não são palavras que normalmente estão
associadas ao futebol, mas para uma mulher do interior da Paraíba, isso é
natural. No Poeirão, um dos maiores campeonatos de futebol amador do
Brasil, a história de Donilda, uma sertaneja forte de 38 anos, chama a
atenção. Ela divide seu tempo entre a roça e o futebol e comanda com mão
pesada o Jurema Esporte Clube.
- Para nós, é o emprego que tem no momento. O trabalho na agricultura,
roça. Uma das melhores coisas que eu gosto de fazer é horta. A gente
come, vende, sobrevive disso. Não tá conseguindo arroz, feijão, porque
não houve inverno. Se tivesse tido inverno, a gente tinha arroz, feijão,
milho. Começou uma trovoadazinha, a partir de janeiro parou. Veio
chover agora em abril, a gente pensou que ia continuar, e não continuou.
Então morreu. Nasceu e morreu. Batalhar uma coisa e não conseguir
aquilo se torna difícil. A gente vai tentando até um dia dar certo. Faz
um plantio, perde ele todo, fica um pouco triste porque não arrecadou o
suficiente – explica Donilda.
- Como eu sou mulher eles não querem me levar a sério. Eu falo para eles que futebol tem que levar a sério. Problemas em casa deixa em casa. O problema ali é a bola. Pegar e ir com garra – afirmou. E a equipe, batizada com nome de uma árvore espinhenta do sertão, já deu frutos. No Poeirão, que acontece há 40 anos, já foram cinco títulos. Um para cada irmão de Donilda que atuam no time: Donildo, eletricista; Dovanir, vaqueiro; Donivaldo, professor; Dogivaldo, agente de sáude e Mariano, agricultor. Os moradores param tudo para verem os 158 times e os mais de três mil jogadores se reunirem no Zezão.
Na base do mata-mata, cada partida dura 30 minutos e se o tempo normal
terminar em empate, a decisão vai para os pênaltis. A vaga na final foi
suada e os telhados das casas serviram como arquibancadas improvisadas
já que o Zezão estava com a capacidade de 7 mil pessoas esgotada para
assistir a decisão entre Jurema e Julhão. Melhor para a torcida de
Donilda. Foram sete jogos sem que o professor Donivaldo, que defendeu
pênaltis na semifinal, sofresse gols no tempo normal.
- Quinze dias de angústia, principalmente para mim, porque lutar com 24
jogadores não é fácil. Estou sempre cobrando e as vezes eles não querem
me obedecer por eu ser mulher, mas as vezes eles param e dizem: “Ela
está certa”. (Esporte Espetacular)
Muito bacana está publicação, parabéns.
ResponderExcluirMuito bacana está publicação, parabéns.
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